Abriu sua caixinha de memórias.
Só tinha pó e teias de aranha.
Fechou. Trancou novamente o passado.
***
Não sabia dizer não, aceitava tudo o que lhe diziam, fazia tudo que pediam.
Faltou-lhe ar, sobraram-lhe palavras. Morreu sufocada.
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Tenho medo da guerra, falou a mãe: mulher preta, pobre e de periferia.
Esqueceu das batalhas que enfrenta no seu dia-a-dia.
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Estava tão acostumada com a solidão que aos poucos quebrou todos os espelhos da casa. Não queria companhia.
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Varria, lavava, esfregava, passava pano, lustrava, mas não vivia.
Com sua mania de limpeza, acabou virando pó.
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Narcisista.
Tinha medo que lhe achassem feia. .
Usava tanto filtro nas fotos que ao olhar no espelho, não se reconheceu.
Este texto é de responsabilidade do autor/da autora.
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