Tenho lido e pesquisado sobre racismo estrutural, até mesmo para tentar entender o ódio e a motivação de algumas pessoas em ofender gratuitamente pessoas negras. Me deparei com um caso, esses dias, enquanto procurava uma matéria legal para divulgar na minha página com o caso do pequeno Adriel, um menino negro, de periferia, que gosta de ler e como forma de incentivar e divulgar as suas leituras e seu gosto por elas, criou um Instagram literário. Com poucas publicações começou a receber ataques racistas, que prefiro nem reproduzir aqui, porque não vem ao caso e porque, realmente, me dá engulhos. Então, depois desse caso, que é só um entre tantos e tantos outros (recentemente teve o da aluna de uma escola particular, outra que tem um canal no YouTube e também recebeu ataques racistas) o que me chamou a atenção é que eram ataques que partiam de jovens para jovens. Que tipo de crianças e juventude estamos formando? Será que conversamos em casas com os nossos filhos, sobrinhos, afilhados, filhos de amigos, alunos, sobre a importância de se combater o racismo? Será que falamos sobre igualdade de direitos, justiça, empatia, respeito? Não. Com certeza estamos falhando e continuamos dia após dia reproduzindo um modo racista de ser. Fui então ler um pouco sobre e escolhi; depois de ler vários autores negros, que mesmo nas suas ficções debatem o tema, depois de ler Escravidão, de Laurentino Gomes; Djamila Ribeiro, com sua clareza de ideias e palavras e percebi que não basta não sermos racistas (ter amigos negros, como dizem), temos que nos reconhecer racistas numa sociedade racista e tomarmos uma atitude antirracista. E que não seja pontual, porque todos estão falando ou fazendo protestos, mas que seja postura. Que seja pra vida, para a nossa e para a de nossos filhos e netos. Que possamos modificar essa estrutura. Aí pensei: eu enquanto incentivadora da leitura, mediadora e contadora de histórias, além de tentar mudar a minha atitude particular (porque tenho muito o que aprender) vou dividir com professores, pais e demais interessados uma lista com alguns livros infantis com personagens negros. Não tenho lugar de fala, mas penso que é necessário que as crianças negras se percebam como protagonistas das histórias, da História. É necessário que crianças e adolescentes pretos estejam presentes na sociedade, enquanto personagens de livros, de filmes, de novelas, músicos, compositores, cientistas, enfim... como detentores de conhecimento. Pois como afirma Djamila Ribeiro “O privilégio social resulta no privilégio epistêmico, que deve ser confrontado para que a história não seja contada apenas pelo ponto de vista do poder.”
É urgente que esse tema seja pensado e repensado para acabar com a intolerância, com a falta de representatividade e principalmente com a violência. Ah, já ia me esquecendo. Sobre o Ariel, ele está muito bem, obrigada... já tem mais de 800 mil curtidas e já é o maior Instagram literário do Brasil. E se você quer ser mais um a segui-lo cole lá! https://instagram.com/livrosdodrii?igshid=6xrpa0ptd5pc Segue abaixo uma lista de livros infantis e algumas outras leituras que fiz e considero legal!
O mundo no black power de Tayo, Klusan de Oliveira
OBAX, André Neves
Bruna e a galinha d’angola, Gercilga de Almeida
A história do rei Galanga, Geramilde Costa
Ifá, o adivinho, Reginaldo Prandi
Minha mãe é negra sim, Patrícia Santana
Cada um com seu jeito, cada jeito é de um, Lucinda Rosa Dias
Omo - Oba, histórias de princesas, Oliveira
A cor de Coraline, Alexandre Rampazo
Bucala, a princesa se Cabula, Davi Nunes
O menino marrom, Ziraldo
O cabelo de Cora, Ana Zarco Câmara
Que cor é minha cor? Martha Rodrigues
Meu crespo é de rainha, Bell Holland
Amoras, Emicida
A cor da vida, Semirames Paterno
O homem frondoso e outras histórias, Claude Blum
Anansi, o velho sábio, Jean Claude Gotting
Betina, Nilme Lima Gomes
Iori descobre o sol e o sol descobre Iori, Oswaldo Faustino
Flávia e o bolo de chocolate, Miriam Leitão
Os nove pentes da África, Cidinha da Silva
Todas as cores do negro, Arlene Holanda
Menina bonita do laço de fita, Ana Maria Machado
Luanda, filha de Iansã, Lia Zatz
O mundo se despedaça, de. Chinua Achebe
Pequeno manual antirracista - Djamila Ribeiro
O perigo da história única - Chimamanda Ngozi Adichie
Escravidão - Laurentino Gomes
Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, Jarid Arraes
No seu pescoço - Chimamanda Ngozi Adichie
Americanah - Chimamanda Ngozi Adichie
Na minha pele - Lázaro Ramos
Eu sei porque o pássaro canta na gaiola - Maya Angelou
O olho mais azul - Toni Morrison
Quarto de despejo - Carolina Maria de Jesus
Becos da memória - Conceição Evaristo
As alegrias da maternidade - Buchi Emecheta
O sol é para todos - Harper Lee
Redemoinho em dia quente - Jarid Arraes
Doze anos de solidão - Solomon Northup
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