Era um homem turrão e avarento. De poucas palavras e amigos.
Depois de morto, decidiu que ia viver.
- Foi tarde demais, disseram.
*** Ela brincava de casinha. Tinha panelinhas, fogão e mesinha. Tinha uma faca imaginária. Sangrou. Tornou-se mulher. *** Sempre que ouvia o barulho do trem, mesmo distante, sonhava em sair daquele inferno. Um dia, na beira dos trilhos, foi. Nunca mais voltou. *** Quando criança, sonhava em fugir com o circo. Adulta, estava sempre de mau humor. A graça do palhaço levou o seu riso embora. *** Se conheceram na praia. Foi paixão à primeira vista, que durou todo o verão.
Chegou a hora da despedida.
O pranto virou mar.
***
Queria ser escritor, mas não teve sorte na vida.
A única coisa que escreveu, foi seu próprio testamento.
***
Apanhava todo dia.
- Essa merece, diziam.
- Não sabe se comportar, gritavam.
- Prendam esse monstro, choravam.
***
Estava no ônibus em direção ao trabalho.Perdeu o ponto. Cansado da rotina, resolveu seguir à caminho da liberdade. ***
Se comportava como princesa. De tanto ouvir contos de fadas, sonhou a vida toda com a chegada do príncipe encantado. Coitada, morreu envenenada de tanto engolir sapo. *** Só pensava em trabalho, precisava ficar rico. Finalmente chegou o dia de usar o dinheiro guardado no colchão. Era o seu funeral. *** Academia, almoço, balada, viagens… Gostava de postar fotos todos os dias nas redes sociais. Um dia perdeu o celular, perdeu a vontade de viver. *** No jogo do amor ela sempre perdia. Apostava todas as fichas, mas não tinha sorte com as cartas. Cansou. Fechou-se em copas.
Este texto é de responsabilidade do autor/da autora.
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